Estação Ferroviária
O trem que não foi para Minas
A estrada de ferro entre Itajubá e Delfim Moreira foi inaugurada em novembro de 1927 e funcionou até 1962. A inauguração deste trecho foi noticiada como parte do futuro ramal que ligaria Itajubá à cidade paulista de Piquete e por sua vez ao eixo Rio - São Paulo. Porém, apesar das promessas, esta ferrovia nunca foi construída.
A primeira iniciativa para as obras da estrada de ferro aconteceu em 1920, com a visita de um deputado mineiro ao presidente da república. A demanda solicitada foi a construção do tão sonhado acesso férreo cruzando a difícil passagem na Serra da Mantiqueira. Porém, desde o início das obras este trecho sinuoso entre os dois Estados teve a construção protelada. Ainda em 1920 o jornal O Paiz noticia: "O Sr. ministro [da viação] determinou que se não ataque o trecho locado de sete kilometros, além da villa de Soledade [atual Delfim Moreira], e que sejam conduzidos para Itajubá sómente os trilhos necessarios ao assentamento da linha até a estação de Soledade, trecho este, cujo movimento de terra está quasi concluido e cujas obras de arte se acham feitas ou iniciadas".
A única opção de travessia era a perigosa estrada de rodagem. Em 1927 a Revista das Estradas de Ferro noticia: "Os agricultores dos municipios de Piquete (S. Paulo) e Itajubá (Minas) desde muito reclamam, inutilmente, contra o pessimo estado de conservação da estrada de rodagem que liga as duas villas de Piquete e Soledade de Itajubá, cujo transito se torna cada vez mais precario e difficil causando verdadeira ruina ao desenvolvimento local, com graves desastres pessoaes."
Com o tempo, automóveis foram tomando o lugar dos trens. Em 1941 o jornal A Manhã noticia melhorias na estrada de rodagem: "A estrada está sendo macadamizada e asfaltada em certos pontos, o que tornará o seu trânsito mais rápido e mais seguro."
E foi assim que aquela estrada de ferro entre os Estados nunca saiu do papel. Em 1962 os trilhos entre Itajubá e o terminal de Delfim Moreira foram desativados. Assim, as escaladas do trem nestas montanhas chegaram ao fim.
Jornalista: Rayllei Bandeira.
Fontes:
20 de janeiro 1920, 17 de abril de 1920,, 25 de junho de 1920, 12 de outubro de 1920, 17 de julho de 1923, 15 de abril de 1927, 15 de novembro de 1927, 15 de agosto de 1928, 15 de fevereiro de 1931, 15 de outubro de 1931, 10 de outubro de 1941. Documentário de 1952.